quarta-feira, 22 de outubro de 2008

palavras

Queria ter uma máquina, para poder assim eternizar os momentos, captura-los e prende-los num papel timbrado para sempre. Eternizar como as palavras que escrevo aqui e agora. Palavras essas que são totalmente diferentes das que são faladas e lançadas ao ar. Essas são livres, mas não têm validade nenhuma. As que aqui escrevo tem um compromisso para com o senhor, leitor. Elas não podem ser modificadas, alteradas, pois elas já estão definidas. As faladas e ditas ficam soltas na imansidão do infinito. As escritas, caros amigos, têm endereço. Mais do que as palavras, as ações e atitudes estão muito acima do que essas meras sílabas. Elas sim são decisivas. Porque quem sabe falar e escrever, fala e escreve como e o que quiser. Pode falar que vai ao Japão, porém não consegue nem sair do quarto. Pode escrever que vai dominar o mundo, mas não domina nem a si mesmo. Quem faz isso é covarde.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Pra que?

O que é isso?- Pergunta uma criança apontando para o cordão do velho. Ele que já respondera perguntas muito mais dificies e complicadas do que essa, agora ficara engarrafado naquela indagação simples e inocente. Ele que, se considera inteligente e sábio, tanto pela educação, quanto pela experiencia de vida, agora já não se sentia confortável com nenhuma resposta que lhe vinha a cabeça.

É um cordão.- Responde o velho a criança. Resposta que não satisfaz nem a criança e nem ao velho. E ela ainda insiste! 'Mas pra que serve? É de comer? Por que tá no pescoço?' E o velho, que não conseguia explicar nem a primeira pergunta, agora estava confuso demais com essa avalanche de indagações a um mísero objeto. Que ousadia! Como ele pôde pensar assim sobre esse objeto tão significativo em sua vida. Arrepende-se de ter desejado a miséria ao seu nobre cordão. Sim, caro leitor. Nobre cordão que fora passado de geração a geração. Era de um valor sentimental inestimável. Foi passado de pai pra filho, e estava chegando a hora passar para o seu filho e... ? Mas pra que? Pra que continuar com essa tradição sem razão? O cordão até tinha seu valor, era bonito, de ouro e pedras preciosas, valia uma boa grana... Mas por que? O homem que compraria esse cordão do velho, talvez o fizesse para ofertar de presente. Para enfeitar alguem ou se enfeitar. Mas pra que se enfeitar tanto? Enfeitamos as coisas porque elas são inanimadas. Porque não falam, não agem... ficam ali caladas e imóveis. Agora por quê e pra que enfeitar os homens? Nós falamos, agimos, prometemos, mentimos, fazemos uma série de ações. E não é necessário nada para nos enaltecer. A não ser nossos próprios atos.

Maldito cordão! Ele que pensava que já podia morrer tranquilo, agora adquiriu mais uma aflição. Maldito cordão que só serve para adornar. Não precisa de tanto.

Enfeite-se com sabedoria.

domingo, 12 de outubro de 2008

Chuva de verão

Cada um vive no seu inferno particular. Cada um vive no inferno que merece. Pergunte para qualquer um: ' Como é a sua vida?' Quase sempre vão respoder que é uma maravilha. Agora peça para que essa mesma pessoa fale sobre a propria vida dela. Ela só vai dizer desgraças. Isso não acontece porque todo mundo só valoriza as coisas ruins, ou pior, que não valorizam as coisas boas. Isso acontece porque a vida é ruim para todos. Não há exceção. Pode até haver alguns minutos de felicidade, mas logo a tristeza vem e pega o lugar que lhe pertence.

Há alguns que dizem que enquanto um ri, o outro chora. Eu ouso dizer que isso está redondamente errado. Nunca vejo uma metade sorrindo e a outra chorando. O certo é que enquanto todos choram, poucos ( sortudos) riem.

O fato é torcer para que o motivo de tanto choro, seja tanto riso.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

moedas perdidas.

Pobres são as moedas achadas no fundo do bolso. Antes fossem ricas notas, mas são apenas moedas. E ficam ali como se fossem um fardo pesado a quem carrega. Aquele barulho insurpotável de metal que não serve para nada. Antigamente elas até valiam alguma coisa, hoje, porém, não valem um pão. Pobres moedas. As notas da carteira são melhores. São leves e maleáveis, e o principal, são silenciosas. Uma simples nota pode valer muito mais do que centenas de moedas.
Imprestáveis trocados que ficam espalhados pela casa, se todas as cem ficassem juntas, até valeria uma boa nota. Porém ficam todas separadas, desunidas. Assim nunca irão valer nada.
Pobres moedas separadas.