Indagam-me sobre a extensão dos meus textos. Ora só pode haver dois culpados para isso. O primeiro é o autor, pela sua incapacidade de escrever textos demasiadamente longos, pela escassez de recursos para fazer um grande conto. Tenta pega-las, corre atrás delas, mas as Ideias são rápidas e espertas. Pulam muros. Fogem. O autor cansado, fica com as que consegue agarrar. As vezes as Ideias são feias, fracas e magras. As melhores conseguem a fugir. As piores, e tristes, frequentemente conseguem ser pegas e aprisionadas. Atrapalhadas, tropeçam e se entregam.
O segundo culpado é o leitor. O impaciente leitor. Esse quer tudo pronto, compacto e imediato. Não tem paciente para sentar, ler, apreciar as Ideias cuidadosamente preparadas para ele. Essas ao ver o leitor apressado, fica com vergonha para se apresentar calmamente. Apenas dá um 'oi'. O leitor responde por educação, não mais do que isso, nem sequer senta para conversar. Está com pressa, sempre com pressa.
Assim a extensão dos textos vão diminuindo. Desse modo, as Ideias pouco trabalhadas, não ficam tristes, não há frustração. Ficam apenas sentadas, fumando seu cigarro, esperando a tarde e os leitores passarem.