segunda-feira, 26 de abril de 2010

mesmo

Olhe em sua volta. É tudo igual. Todos são iguais. São as mesmas pessoas, os mesmos jeitos, as mesmas manias, o mesmo dinheiro, as mesmas musicas, as mesmas aulas, as mesmas reclamações, as mesmas reivindicações, as mesmas leituras, as mesmas conversas, as mesmas brincadeiras, as mesmas piadas, as mesmas cervejas, as mesmas comidas, os mesmos livros, os mesmos caminhos, os mesmos conselhos, é sempre o mesmo, a mesma, sempre, a mesma vida.

É a mesma fome,
que mata,
tantos,
hoje,
ontem,
amanha,
sempre.

É a mesma inercia,
que deixa,
morrerem
tantos,
hoje,
ontem,
amanha,
sempre.

É a mesma tentativa,
de mudar,
tudo,
hoje,
ontem,
amanha,
mas nem sempre...

Sempre virá o mesmo cansaço, o mesmo.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A poesia está nua na rua

É essa mania de transformar tudo em poesia que me deixa sem versos.

Já não sei mais o que é um poema, um conto ou uma narração.

É essa mania de enquadrar tudo o que crio que me limita.

Já não sei mais o que é paixão, o que é revolução.

É esse instinto de convicção que me sabota.

Já não sei mais o que é possível, o que é a realidade.

São essas incertezas que me descontroem.

Já não sei o que é certo, o que é fato.

São essas resistências em minha volta que me esgotam.

Já não sei como mudar, como ultrapassar.

São essas duvidas sem respostas,

repetidas ao infinito,

que fazem da minha solidão,

a única companhia no caminho.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Outra face

Veja bem, é apenas uma outra face e não a verdade...

domingo, 4 de abril de 2010

Pascoa



" Todo preso é um preso politico"
- Nilo Batista









Vida nova pra que ?
Vida nova pra quem ?


Só tem uma vida nova, quem já viveu. Só tem uma segunda chance, quem já teve a chance de ser alguém. A maioria dos individuos que encontramos no sistema penitenciário não tiveram o direito primordial do ser humano: o direito de ser.
Privados disso, a sociedade lhe dá as costas. Ignoram a pena de vida que cumprem. Ignoram o sistema educacional minunciosamente articulado para perpetuar a sua miséria, para que ele continue um escravo. Uma educação que amansa, que dogmatiza a sua marginalização, que santifica os ricos e estabelece a eles, pobres de berço, um destino de miséria.
Os que não aceitam, pegam em armas. Não para se rebelar contra este sistema e sim para comprar um misero tenis, roupas caras, manter status. Rebelam-se para tentar ser rico. Rebelam-se para tentar sair da vida de pobreza e entrar nessa vida de 'sonhos' que a elite ostenta. Pensam que vão reverter o inevital fim de miséria. Criam o seu mundo paralelo, a margem do mundo real, que como análogos mantém uma classe dominante, os traficantes, que oprimem mais ainda os moradores dessas comunidades. Estes sofrem uma dupla opressão. A primeira pelo Estado, com o seu braço forte, bruto e obediante, a policia. O segundo, dentro da propria comunidade, aquele que com armas brincam de reis, se fecham num mundinho que as classes superiores estabelecem a eles. Um mundo de restos. Acham que são livres, mas são meros empregados e lacaios daqueles que andam com terno e gravata, de carro importando no ar condicionado, que dizem 'não!' quando importunados por algum moleque que estende a mão...


Engana-se porém quem acha que é a miséria a geradora de violencia. Esta é sim, sem duvidas, um dos fatores, mas nem de longe é a questão principal. O que favorece é um sistema como o nosso, que se baseia puro e simplesmente no consumismo. Tratam todos como consumidores, não como humanos. Julgam-nos com o que se compra, não com o que se é. Aqueles que nada tem, que nada consomem, são dispensáveis, não tem valor algum. Daí a marginalização de milhões de individuos que simplesmente são eliminados e sumariamente executados do sistema. A desigualdade social, a diferença entre esses que foram conteplados com a sorte e tiveram em suas vidas todas as facilidades e oportunidades para crescer contra aqueles que o futuro não reserva surpresas e sim, somente a miséria. É esta desigualdade o fator fulcral gerador da violencia. Na medida em que há uma exarcebada diferença economica e social dos individuos, aqueles menos favorecidos tentarão, inevitalmente, tomar dos mais afortunados. Eles farão isso não por prazer, por causa de punições brandas, mas por necessidade, desespero. Tolo é aquele que pensa que esta necessidade pode ser comparada com aquelas fúteis e inúteis das quais por ventura passa. Estúpido é que aquele que com arrogancia e barriga cheia não pondera sobre a fome que estes sentem diariamente. Não uma fome a fim de ser sanada em minutos, mas uma fome rotineira, diária. Uma fome que tem que ser morta diariamente.

Ninguém se importa com isso. Não mesmo. Enquanto milhares são mandados diariamente para porões de cadeias, onde perdem todos seus direitos, onde de fato são tratados ainda mais como bichos, a maioria ignora o fato. Negligencia. Ou o contrário: imploram a pena de morte, clamam para prender jovens menores de idade, suplicam para por na eternidade aquele que já nasceu preso e sem direitos. Por conta do egoismo desse pequeno setor que acumula grande parte da riqueza é que esta grande massa miserável sofre.


( Leitor, não interprete mal, essa é uma visão, uma interpretação, as coisas não são tão cruas assim, mas para aqueles que sofrem, basta a realidade. Para aquelas que vivem no conforto, há as palavras que não convencem. Há uma tentiva que mostrar a visão do outro lado, mas nem sempre ela é bem sucedida.)

sábado, 3 de abril de 2010

Pecado

Não morda a maçã, Eva...


Foto: Alex Raimundi