terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Conflitos

Hoje eu briguei com a minha melhor Idéia. Desperdiçamos um poema. Não sabíamos se ia ficar bom, mas estava tudo caminhando para a conclusão. Daí veio a briga, o impasse. As brigas sempre ocorrem por fatores banais, por imposições e inflexibilidades. Quando ninguém quer ceder e todos querem avançar, é natural que o mais forte avance e o mais fraco ceda. Eu cedi, a Idéia avançou. Por um ato covarde eu rasguei o papel, a poesia foi suprimida. A Idéia se irritou, gritou, xingou e foi embora. Não foi sozinha, ela era a minha melhor Idéia e levou consigo todas as suas irmãs e primas.

Fique desnorteado. Inerte. Não sabia o que fazer. Tudo parecia ser inútil, tolo. Horas foram gastadas, papéis, lápis, todos foram usados. Não sabíamos se ia ficar bom, mas estava ficando tão bonito. A briga se deu porque eu queria uma palavra, a minha preferida. A Ideia, com toda a sua arrogância, queria outra. Uma mais feia, que é usada em bares, ternos e outras esquinas inconvenientes. Eu queria palavras cultas, de universidade, biblioteca, livros caros. A Idéia queria palavras prostitutas, sujas, vulgares.

Eu queria palavras puras. Ela - putas.

A historia termina assim leitor: Você fica sem poema. Nem palavras formais ou informais. Nada. O que resta é o papel que vaga na mesa -perdido- sem orientação. As palavras voltam para os seus livros ou esquinas. A minha melhor Idéia abandonou-me. Deve estar aí agora, vadiando, se prostituindo na cabeça de outros autores.

domingo, 27 de dezembro de 2009

'Não somos racistas'







Negros: Da senzala para a cadeia - sem escala.



Ps: O titulo do post é uma homenagem ao livro do Ali Kamel, o todo poderoso da Globo, que se deu ao trabalho de escrever um livro sobre a negação do racismo no Brasil e consequentemente a negação da necessidade de uma politica de cotas.
Há uma pequena diferença entre a ficção e a realidade.


sábado, 26 de dezembro de 2009

libre poesia



Ah, a minha poesia.
Nem sei se ela é minha.
Ela é livre.
Ora vem cá ao meu bar.
Ora vai lá buscar outros braços.

Uns dias,
acorda e quer rima.
Outros.
Dorme sem querer ser lida.

Tem horas
que quer ser bonita.
Em alguns minutos.
quer ser pobre.
Em segundos
quer ser as duas
E ainda ser rica.

Mas aí o tempo acaba.
Ela foge do papel.
Foge da mesa.
Corre da cabeça.

O poeta,
refém da poesia.
Espera a sua volta.
Manda cartas,
promete versos alexandrinos.
promete sonetos.
promete ritmo.
promete uma epopéia.

Mas ela não aceita.
Ela não quer tercetos.
quartetos.
Oitavas.
Ela quer ser livre.
ser tudo.
ser nada.

Quer poder fazer um verso. Único!

Ela sabe que pode tudo.
Poesia assina sua carta de alforria.
está com o povo agora.
Pagou com o dinheiro dos ricos.
Para falar aos pobres.

Coitados, ignoram-a.
Ela se abala.
mas sabe.
que a tarefa,
não é fácil.

Insiste.
Não lêem seus versos.
Persiste.
Não entedem suas palavras.
Não desiste.
Esnobam de suas estrofes.
Tanto assim,
esta,
nunca os traiu.

Ah, a nossa poesia.
É persistente.
Sempre ao lado do povo.
É viva.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pé preto de barro.
Esse pé não pisa no asfalto.
Esse pé só anda descalço.
É discriminado por sua pele,
suas unhas,
seus calos.

Anda só por um caminho.
Sem direção.
Sem rumo.
Sem solução.

Pisa nas pedras pelo caminho.
Não as do meio,
mas as da margem.
Quer outro caminho.
Mas não tem.
Quer mais.
Mas eles só conhece o outro 'mas'.

Os pés querem correr.
Mas o menino está cansado.
Tropeça.
(As pedras lhe tomam a esperança)
O irmão morre.
E nem estampa o jornal.
Um rico morre.
E vira preocupação nacional.

Não entende.
Não vê o fim do caminho.
Os pés querem correr.
O menino quer descansar.
Cabeça baixa,
como de costume.
Não olha pra frente.
O sol lhe cega.
Só olha pro chão.
Onde está seu destino.

Está perdido.
Não quer se deixar levar.
Ninguém lhe estende a mão.
Só palavras.
Palavras não agem na ação.
Só na contra-mão.
Tudo vira demagogia.
Queria ter pais,
queria ter familia.

Só lhe resta seus pés.
Que o levam para o caminho errado.
Eles querem correr.
Ele quer descansar.
Há uma arma.
Há tiros.
Os pés correm.
O menino descansa,
em paz.




Cotidiano

Quando já tinha terminado de se arrumar, Jaime conferia agora, pela terceira vez, se não tinha esquecido nada. Isso não era uma mania, era somente uma atitude de segurança para que nada desse errado. A única mania que Jaime tinha, e nem ele sabia, era uma coisa bem simples, que somente o autor sabe e o leitor agora terá o mesmo privilégio. Jaime costumava botar o celular no bolso direito e as chaves no bolso esquerdo. Isso era crucial. Caso o contrário, as mãos desrespeitando a cabeça e até sem essa mesmo perceber, trocava tudo, e botava os objetos nos seus respectivos lugares. A cabeça atolada de pensamentos não tinha discernimento para organizar tudo do gosto de seu dono. Estava ocupada com preocupações que lhe tomava demasiado espaço, sendo assim, dava autonomia para as mãos fazerem esses serviços básicos para a sobrevivência do seu senhor.

Do mesmo modo vivia as pernas, que os levavam para onde ele queria sem a cabeça precisamente ordenar. Enquanto esta pensava em quanto dinheiro faltava ou em quanto dinheiro sobrava, as pernas já se antecipava e os conduzia ao banco. Ao sair deste, já vendo a avançada hora, já previa a fome sem ao menos o estômago reclamar. Deixando todos então, satisfeitos.

Boas pernas, boas mãos. Jaime tem que se orgulhar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Igreja


Deus trabalha para os ricos e os pobres são os que pagam a conta. Não adianta rezar, temos que revidar. As Igrejas e religiões como um todo, atravancam o desenvolvimento humano, gerindo no homem um sentimento de impotência, de incapacidade. A Igreja Católica prega a caridade e a solidariedade para o fim da pobreza. Porém, todos nós sabemos que a caridade só adia a miséria. A Igreja não está interessada nos interesses do povo, da grande massa. Toda Igreja é uma empresa e trabalha explorando a mão-de-obra de alguns voluntariados. Desse modo ela é representante de uma classe, a burguesa, que sempre explorou e explorará os proletariados.

O Papa mais antipático da História sentado no seu trono de Roma jamais saberá da miséria da Somália, jamais viverá as probrezas do sertão nordestino ou das periferias do Rio. Se a Vossa Santidade realmente estivesse interessada no fim da miséria, se mudaria para a África, no qual é o continente mais violentado pelo Imperialismo europeu, e tentaria mudar as coisas. Primeiro com roupas mais simples, igrejas mais pobres e mais abertas. No tempo em que a Igreja teve um certo monopólio do domínio da sociedade, esta ficou parada, inerte. A religião vai contra a ciência, a razão. A religião trabalha com o sentimental, o emocional, que é totalmente oposto ao racionalismo. O Catolicismo sempre põe barreira aos homens com seus dogmas. Primeiro, com a criação da Inquisição, Tribunal da Igreja Católica, cuja o método de busca pela verdade era feito pela tortura, o acusado não tinha nenhum direito, as denuncias eram secretas, assim como os julgamentos ( no qual o acusado já sofria a pena corporal via tortura antes de ser condenado). Depois foi a tentativa de parar o avanço das Ciências, negando as teorias heliocentricas de Copérnico e Galileu, condenando o ultimo. Com a expansão marítima, no qual ela também foi condenava, a Igreja viu nas Américas a oportunidade de expandir seu marcado, com mais consumidores a serem 'doutrinados', nessa época a Igreja já estava perdendo bastante seu mercado consumidor devido a concorrências na Europa. Sendo assim, eles viam nas almas 'puras' dos indígenas a oportunidade de aumentar seu lucro em troca da destruição total das suas culturas nativas.

Preocupada com a ascensão do socialismo em consequência do desenfreado liberalismo que dominava e explorava a maioria da população mundial, o Papa Leão XIII edita Rerum Novarum : sobre a condição dos operários (em latim Rerum Novarum significa "Das Coisas Novas") em 1891. O documento nega o socialismo e faz uma defesa clara a propriedade privada. "A encíclica critica fortemente a falta de princípios éticos e valores morais na sociedade de seu tempo e laica, uma das grandes causas dos problemas sociais. O documento papal refere alguns princípios que deveriam ser usados na procura de justiça na vida industrial e sócio-económica, como por exemplo a melhor distribuição de riqueza, a intervenção do Estado na economia a favor dos mais pobres e desprotegidos, a caridade do patronato aos trabalhadores."

Uma parte (bonita) da encíclica:
"Quanto aos ricos e aos patrões, não devem tratar o operário como escravo, mas respeitar nele a dignidade do homem, realçada ainda pela do Cristão. O trabalho do corpo, pelo testemunho comum da razão e da filosofia cristã, longe de ser um objecto de vergonha, honra o homem, porque lhe fornece um nobre meio de sustentar a sua vida. O que é vergonhoso e desumano é usar dos homens como de vis instrumentos de lucro, e não os estimar senão na proporção do vigor dos seus braços."

Porém, anos depois nós vemos a Igreja se curvar ao Governo Fascista de Mussolini em troca de um reconhecimento tardio de um micro-Estado. Mesmo sabendo que o Vaticano criticou o Nazismo alemão, sabemos que ao mesmo tempo o Catolicismo torcia por ele para evitar o tão temido comunismo e o fim da propriedade. Logo Jesus Cristo, que como nos conta a Bíblia, um homem tão desapegado as riquezas. Em que lado será que ele ficaria?

Concordo plenamente em que as Igrejas não são o monstro do qual o autor pinta. Reconheço a sua importancia com projetos sociais, um apoio àqueles que precisam de uma ajuda metafísica, na recuperação de indivíduos mostrando um caminho longe dos crimes e da marginalidade. Todavia esses avanços da Igreja não vem de graça, e o preço é alto. Há milhoes de orações para mudar o mundo, pela paz, pelo fins das doenças e por pequenos milagres caseiro e nunca houve uma mudança significativa, por que será?

não adianta rezar, temos que revidar.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Que merda pesa mais ?




terça-feira, 8 de dezembro de 2009

E agora, José?



E quando atenderem todas as nossas reivindicações?

O que faremos?

Reclamaremos?