terça-feira, 1 de março de 2011
A morte não é assim tão má para aqueles que a adoram
Quando eu morrer
(coitado de mim)
o mundo continuará o mesmo
Os homens continuarão seus trabalhos,
talvez um ou dois
faltarão por conta da minha ausência.
Os canários,
tanto os presos
quanto os livres,
continuarão a cantar.
As plantas continuarão com a fotossíntese
e eu não farei nenhuma falta ao motorista do ônibus de todas as manhãs
Porque o mundo
nosso mundo
não precisa de nós para sobreviver
Para girar em torno do sol
a Terra
não precisou de Copérnico
A maçã não precisou de Newton
para cair
O Sol não depende de ninguém para nascer
ele simplesmente nasce
implacável
E essas coisas já existiam
antes de mim
antes de você
e vai existir para além de mim
para além de nós.
Quando eu morrer
de pó como sou
à merda voltarei
e nem as vacas
-aquelas que pastam em latifundios-
vão agradecer a mim pelo adubo ao capim doce de todas as manhãs.
porque nem sequer
o mais insignificante mato
precisa de mim para sobreviver
.
.
.
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