O que é isso?- Pergunta uma criança apontando para o cordão do velho. Ele que já respondera perguntas muito mais dificies e complicadas do que essa, agora ficara engarrafado naquela indagação simples e inocente. Ele que, se considera inteligente e sábio, tanto pela educação, quanto pela experiencia de vida, agora já não se sentia confortável com nenhuma resposta que lhe vinha a cabeça.
É um cordão.- Responde o velho a criança. Resposta que não satisfaz nem a criança e nem ao velho. E ela ainda insiste! 'Mas pra que serve? É de comer? Por que tá no pescoço?' E o velho, que não conseguia explicar nem a primeira pergunta, agora estava confuso demais com essa avalanche de indagações a um mísero objeto. Que ousadia! Como ele pôde pensar assim sobre esse objeto tão significativo em sua vida. Arrepende-se de ter desejado a miséria ao seu nobre cordão. Sim, caro leitor. Nobre cordão que fora passado de geração a geração. Era de um valor sentimental inestimável. Foi passado de pai pra filho, e estava chegando a hora passar para o seu filho e... ? Mas pra que? Pra que continuar com essa tradição sem razão? O cordão até tinha seu valor, era bonito, de ouro e pedras preciosas, valia uma boa grana... Mas por que? O homem que compraria esse cordão do velho, talvez o fizesse para ofertar de presente. Para enfeitar alguem ou se enfeitar. Mas pra que se enfeitar tanto? Enfeitamos as coisas porque elas são inanimadas. Porque não falam, não agem... ficam ali caladas e imóveis. Agora por quê e pra que enfeitar os homens? Nós falamos, agimos, prometemos, mentimos, fazemos uma série de ações. E não é necessário nada para nos enaltecer. A não ser nossos próprios atos.
Maldito cordão! Ele que pensava que já podia morrer tranquilo, agora adquiriu mais uma aflição. Maldito cordão que só serve para adornar. Não precisa de tanto.
Enfeite-se com sabedoria.
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