terça-feira, 5 de abril de 2011

A morte que lhe bate a porta (vizinha)

Olhe para teu relógio
Não importa a hora
Perdemos um jovem
exatamente agora

Olhe novamente
Mais uma vez
o perdemos
será um deliquente

A cada segundo
perdemos gente demais
nesse mundo

A cada minuto
já se passou muito tempo
para muitos

e você lendo
este poema
não tem a ideia
da fome
da miséria

Longe dessa tela
Longe desse papel
há gente morrendo
(que poderia ser médico)
há gente com fome
(que poderia ser cozinheiro)
há gente rezando
(que poderia ser atendido)

E eu escrevendo
não faço nada
e você lendo
não faz nada
E no final
todos escrevem
todos lêem
E ninguém faz nada

E continuam morrendo
quem poderia ser
quem queria ser
quem morre
por não querer.

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