quinta-feira, 22 de maio de 2014

doméstica





abdicas sua vida
à família alheia

amor subordinado
e remunerado

para cuidar de filhos
que não são seus
para cuidar da casa
que não é sua
para ter cuidado
com aquilo que não lhe pertence

renuncias ao seu lar
em troca de um quartinho
apertado
(que talvez
tenha janela)

come o resto
que sobrou na panela

Quem é ela?

Do que vive essa criatura?

se ao menos pudesse ler Faustino
para amenizar essa vida dura:

'tanta violência,
mas também tanta ternura'

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