senta-se ao meu lado uma velha senhora. Inquieta, pede licença e interrompe a minha leitura. Se era importante ou não o que eu estava lendo, apesar de perguntar por mero formalismo, não lhe importava. Estava preocupada. Ligava repetida vezes para sua amiga, mas sempre caía no abismo da caixa postal. Sem resposta, pergunta-me: O que pode ser isso? Roubada, linha cortada, viajando. Dei as minhas possibilidades. Ela não tinha pensado em nenhuma dessa. Apenas uma: a morte. A doce evidencia da morte se apresentava para ela com naturalidade, comum a sua senilidade. Calei-me por um instante e respondi que o celular não pararia de funcionar por conta do falecimento do seu dono. Mesmo assim, não lhe convenci. Deve ter morrido, refletiu novamente. Apertou o botão e desceu no ponto seguinte. Não se despediu. Foi com a tranquilidade de quem sabe que não se nasce para morrer. De quem sabe que a morte não lhe dá tempo para se despedir
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