os trabalhadores da avenida central jamais imaginariam que, um século depois, você cruzaria aquela praça cercada por prédios ecléticos: de um lado a dança, com o theatro; do outro a película, com o odeon; arrematado pelos quadros e livros, do museu e biblioteca. no seu ouvido: janis joplin - sitiada pela arte (você, a única artista) dançando para uma plateia desavisada do espetáculo. Chamam essa praça de outro nome, porque a elegeram pelo o que ela é. Antes de seus passos já passaram tantos outros, por tantos motivos, mas quase todos em busca do desconhecido. Ali também havia um palácio, construído no começo da república, uma ironia que sacramentou seu fim. Era bonito. Inegavelmente bonito. Talvez fosse possível vê-lo da sua janela enquanto toma um chá. Todavia, demoliram-o. Só para mostrar que tudo é perecível. Demoliram-o. Quem sabe, por esses dias, uma vó apontaria para o seu neto uma praça vazia e diria: 'ali existia um palácio'. Hoje há uma praça vazia. Vazia por ser inútil, inútil por ser vazia. Pouco importa, pois você caminha na direção contrária, com seus fones de ouvido (Take another little piece of my heart now, baby!) Se ele estivesse lá, você com o volume alto, nem perceberia, (Break another little bit of my heart now, darling) pois só sentimos falta daquilo que carecemos. (You know you got it if it makes you feel good/ oh, yes indeed)... e afinal, quem precisa de um palácio?
sexta-feira, 25 de janeiro de 2019
cinelândia
os trabalhadores da avenida central jamais imaginariam que, um século depois, você cruzaria aquela praça cercada por prédios ecléticos: de um lado a dança, com o theatro; do outro a película, com o odeon; arrematado pelos quadros e livros, do museu e biblioteca. no seu ouvido: janis joplin - sitiada pela arte (você, a única artista) dançando para uma plateia desavisada do espetáculo. Chamam essa praça de outro nome, porque a elegeram pelo o que ela é. Antes de seus passos já passaram tantos outros, por tantos motivos, mas quase todos em busca do desconhecido. Ali também havia um palácio, construído no começo da república, uma ironia que sacramentou seu fim. Era bonito. Inegavelmente bonito. Talvez fosse possível vê-lo da sua janela enquanto toma um chá. Todavia, demoliram-o. Só para mostrar que tudo é perecível. Demoliram-o. Quem sabe, por esses dias, uma vó apontaria para o seu neto uma praça vazia e diria: 'ali existia um palácio'. Hoje há uma praça vazia. Vazia por ser inútil, inútil por ser vazia. Pouco importa, pois você caminha na direção contrária, com seus fones de ouvido (Take another little piece of my heart now, baby!) Se ele estivesse lá, você com o volume alto, nem perceberia, (Break another little bit of my heart now, darling) pois só sentimos falta daquilo que carecemos. (You know you got it if it makes you feel good/ oh, yes indeed)... e afinal, quem precisa de um palácio?
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