domingo, 2 de março de 2008

Janela.

O menino olha pela janela. As vezes não olha nada, está ali só pelo simples fato da rotina. É comodo olhar pela janela e ver as pessoas passando, os carros passando e o tempo passando. Em alguns dias os carros são mais rápidos, em outros as pessoas andam mais depressa ( é o engarrafamento ) e em raras ocasiões o tempo é o mais rápido de todos.

Quando se viu a Lua já apareceu, mas o Sol ainda não se foi. Ficam ali como se estivessem brigando pelo direito de estar no Céu. Pelo cansaço o Sol desiste e vai se deitar, assim a Lua pode enfim mostrar toda a sua beleza. Ainda bem que é assim. O Sol é um ser repugnante, ninguém é capaz de olha-lo diretamente. Temos sempre que abaixar a cabeça para o seu esplendor e arrogância. Ele se acha o Rei do universo, e talvez o seja. Porém nada explica todo esse narcisismo e esse 'brilho' que seria o orgulho da superioridade, que faz nós ( seus súditos ) abaixarem nossa cabeça.

A Lua já seria aquela plebéia do conto de fadas que consegue chegar até a realeza. Ela ilumina a noite dos apaixonados, a noite do ladrão e a noite do poeta. Ora ! Já viste alguem declamar um poema para o Sol ?! Claro que não, seria impossivel. Os poetas amam as virtudes mais odeiam a arrongancia. Eles preferem então declamar lindos poemas para a incocente Lua. O paradoxo que existe aqui é um dos maiores do universo. Como pode a Lua ser a rainha da paixão, a dama dos humildes, a senhora dos homens bons se é na noite que os crimes mais bábaros acontecem. Ela, caro leitor, é a principal cúmplice de todos esse crimes que a noite presencia! Na verdade, o que temos aqui não é o bem ou o mal, o bom ou o ruim. Estamos apenas tratando do dia e da noite!

E depois desse tempo todo, o menino ainda continua olhando pela janela. Não porque ele gosta, mas talvez pelo simples fato da rotina.