segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Cotidiano

Quando já tinha terminado de se arrumar, Jaime conferia agora, pela terceira vez, se não tinha esquecido nada. Isso não era uma mania, era somente uma atitude de segurança para que nada desse errado. A única mania que Jaime tinha, e nem ele sabia, era uma coisa bem simples, que somente o autor sabe e o leitor agora terá o mesmo privilégio. Jaime costumava botar o celular no bolso direito e as chaves no bolso esquerdo. Isso era crucial. Caso o contrário, as mãos desrespeitando a cabeça e até sem essa mesmo perceber, trocava tudo, e botava os objetos nos seus respectivos lugares. A cabeça atolada de pensamentos não tinha discernimento para organizar tudo do gosto de seu dono. Estava ocupada com preocupações que lhe tomava demasiado espaço, sendo assim, dava autonomia para as mãos fazerem esses serviços básicos para a sobrevivência do seu senhor.

Do mesmo modo vivia as pernas, que os levavam para onde ele queria sem a cabeça precisamente ordenar. Enquanto esta pensava em quanto dinheiro faltava ou em quanto dinheiro sobrava, as pernas já se antecipava e os conduzia ao banco. Ao sair deste, já vendo a avançada hora, já previa a fome sem ao menos o estômago reclamar. Deixando todos então, satisfeitos.

Boas pernas, boas mãos. Jaime tem que se orgulhar.

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