segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pé preto de barro.
Esse pé não pisa no asfalto.
Esse pé só anda descalço.
É discriminado por sua pele,
suas unhas,
seus calos.

Anda só por um caminho.
Sem direção.
Sem rumo.
Sem solução.

Pisa nas pedras pelo caminho.
Não as do meio,
mas as da margem.
Quer outro caminho.
Mas não tem.
Quer mais.
Mas eles só conhece o outro 'mas'.

Os pés querem correr.
Mas o menino está cansado.
Tropeça.
(As pedras lhe tomam a esperança)
O irmão morre.
E nem estampa o jornal.
Um rico morre.
E vira preocupação nacional.

Não entende.
Não vê o fim do caminho.
Os pés querem correr.
O menino quer descansar.
Cabeça baixa,
como de costume.
Não olha pra frente.
O sol lhe cega.
Só olha pro chão.
Onde está seu destino.

Está perdido.
Não quer se deixar levar.
Ninguém lhe estende a mão.
Só palavras.
Palavras não agem na ação.
Só na contra-mão.
Tudo vira demagogia.
Queria ter pais,
queria ter familia.

Só lhe resta seus pés.
Que o levam para o caminho errado.
Eles querem correr.
Ele quer descansar.
Há uma arma.
Há tiros.
Os pés correm.
O menino descansa,
em paz.




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